Cenários de outro planeta marcam o norte da Argentina

Novo voo da Aerolíneas Argentinas conecta o Brasil diretamente às províncias de Salta, Jujuy e Tucumán, regiões imersas em história, marcadas por uma natureza deslumbrante e produtoras de alguns dos melhores vinhos do país

Cenários de outro planeta marcam o norte da Argentina

Cenários de outro planeta marcam o norte da Argentina Divulgação

Paisagens maravilhosas, montanhas multicoloridas, vilarejos escondidos, estradas incríveis, cactos gigantes, cidades históricas e um surpreendente deserto de sal. Esses são alguns dos cenários típicos da região norte da Argentina, ainda pouco explorada pelos visitantes brasileiros, mas que começa a ganhar espaço na agenda de lugares incríveis na América do Sul que merecem ser descobertos com a inauguração da rota São Paulo-Salta pela Aerolíneas Argentinas já no mês de julho.

Salta, Jujuy e Tucumán, províncias que compõem a região norte argentina, fogem completamente da imagem clássica que temos do país. Muito diferentes entre si e ao mesmo tempo complementares, as três podem ser combinados em um roteiro perfeito para ser percorrido de carro, cercado por uma natureza impactante, imerso na história do país e regado a vinhos cada vez mais reconhecidos mundo afora.

UM MERGULHO NA HISTÓRIA

A viagem pelo norte começa com um mergulho histórico em San Miguel de Tucumán, capital da província de Tucumán e berço da Argentina moderna. Ali, em 1816, foi declarada a independência do país. A casa do século 17 onde tudo aconteceu foi demolida, reconstruída em 1943 e hoje abriga a Casa Histórica Museu Nacional da Independência.

A uma quadra de lá, uma caminhada pela Plaza Independencia completa o tour. Ao seu redor estão a Casa de Gobierno, a catedral em estilo neoclássico, o teatro Mercedes Sosa (sim, a cantora nasceu na cidade!), a igreja de San Francisco e o tradicional Jockey Club.

O melhor de Tucumán, no entanto, está nas zonas rurais, mais precisamente nas paisagens montanhosas do Valle de Calchaquíes, uma road trip que combina perfeitamente com a voz potente de Mercedes Sosa que conduz o visitante a descobrir pequenas joias escondidas.

É o caso de Tafí del Valle, localizado a 100 km da capital, pequeno povoado que tem ganhado atenção por conta do turismo rural, com a oferta de charmosos hotéis e cabanas com vista para as montanhas e oportunidade de visitas às estâncias onde é possível provar os famosos queijos locais.

A região também atrai amantes da arqueologia graças aos seus menires, monolitos talhados pelos povos originários da cultura Tafí, cujos registros no local remontam 2 mil anos. A Reserva Arqueológica Los Menhires, próxima ao pueblo vizinho de El Mollar, tem mais de 50 menires, alguns chegando a 3 metros de altura.

A partir de Tafí del Valle, um caminho sinuoso de 118 km por entre vales e montanhas leva a Cafayate, já na província de Salta. No trajeto, é possível conhecer outra grande atração regional: a produção de vinho tucumenho. A sugestão é parar em Amaicha del Valle, típica vila da cordilheira onde é há cavalgadas, passeios de bicicleta e, claro, visitas às vinícolas. São 14 bodegas no total, sendo a maioria de produção orgânica. Ali, vale conhecer a Bodega Comunitaria Los Amaichas, umas das três do mundo comandadas por indígenas.

Para entender mais sobre os diferentes povos originários da região é obrigatório explorar a Ciudad Sagrada de Quilmes, um sítio arqueológico impressionante no que foi um dos maiores e mais importantes assentamentos pré-hispânicos. Recentemente, foi construído ali um moderno museu.

Próximo a Quilmes, o visitante já se vê na mítica Ruta 40, espécie de Rota 66 que atravessa o país de norte a sul. Um pouco mais adiante, em Colalao del Valle, quase chegando a Salta, localiza-se o centro da produção vinífera de Tucumán, com bodegas maiores e abertas à visitação, como a imponente Bodegas Las Arcas de Tolombón.

PAISAGENS DRAMÁTICAS NA ROTA DO VINHO

Estrada não pavimentada é o caminho que leva a Quebrada das Flechas, em Salta
Estrada não pavimentada é o caminho que leva a Quebrada das Flechas, em Salta - Divulgação

Para quem chega de Tucumán, a primeira parada na província de Salta é a pitoresca Cafayate, centro da Rota do Vinho local e cidade base para as vinícolas da região, como Bodega El Esteco, Estancia Los Cardones, Bodega El Porvenir, Finca Quara e Finca Las Nubes. Em muitas delas, é o próprio dono quem conduz o tour e apresenta seus rótulos. No centro está o interessante Museo de la Vid y el Vino, onde se entende por que os Torrontés e Malbec de Salta caíram no gosto dos enólogos mundo afora.

Costuma-se dizer que Salta é a província perfeita para uma viagem capaz de unir enoturismo e aventura. Seus cenários são mais desérticos que os de Tucumán e, a partir de Cafayate, os mais aventureiros continuam na Ruta 40 para o norte – e para cima, já que a altitude só aumenta até San Antonio de Los Cobres, vilarejo a 3.775 metros acima do nível do mar.

No caminho estão a vila histórica colonial de Cachi, a paisagem surrealista da Quebrada das Flechas com suas formações rochosas que apontam para o céu e o Parque Nacional Los Cardones, com seus impressionantes cactos gigantes.

San Antonio de Los Cobres é famosa por ser a estação de onde parte o Tren a las Nubes, um dos mais desafiadores percursos ferroviários do mundo, que liga a cidade ao viaduto La Polvorilla, a 4.420 metros de altitude, num trajeto com duração total de duas horas entre ida e volta. E vale cada metro. Chegar a San Antonio, no entanto, não é muito fácil devido às muitas curvas e condições precárias da estrada, por isso é recomendável adquirir um tour na cidade de Salta, capital da província, que inclui um passeio de dia inteiro combinando ônibus e trem com direito a paradas em pequenos povoados.

Outro caminho igualmente cênico e, no caso, mais fácil de ser percorrido, é o da Ruta 68, que liga Cafayate à capital Salta. O roteiro aqui atravessa a região conhecida como Quebrada das Conchas, repleta de cânions grandiosos, com destaque para as formações rochosas conhecidas como Anfiteatro e Garganta del Diablo, que podem ser exploradas a pé.

Para quem não abre mão de uma paradinha em um lugar mais movimentado, a capital da província revela-se uma surpresa agradável. Ao redor da Plaza 9 de Julio, no centro de Salta, há vários prédios históricos, bares, restaurantes, hotéis e uma agitação constante. Entre as atrações, estão Catedral Basílica e o bem montado Museo de Arqueología de Alta Montaña (MAAM), onde estão três múmias de crianças incas consideradas as mais bem preservadas do mundo.

UM CENÁRIO DE OUTRO PLANETA

Caminhada pela Serranía de Hornocal, uma das principais atrações de Jujuy
Caminhada pela Serranía de Hornocal, uma das principais atrações de Jujuy - Divulgação

Província mais ao norte da Argentina, Jujuy tem paisagens que não parecem desse mundo. A começar pelas Salinas Grandes, terceira maior do mundo, com cerca de 12 mil hectares e que lembra bastante o salar de Uyuni, na Bolívia. A 90 km ao norte de San Antonio de los Cobres ou a 133 km de San Salvador de Jujuy, capital da província, o deserto de sal está a apenas meia hora da fronteira chilena, já fazendo parte do deserto do Atacama.

Não é por acaso que Jujuy, com sua natureza remota e inóspita, tem sido uma das províncias onde mais se desenvolve a mais nova onda de hospedagem argentina, a dos glampings – acampamentos de luxo com pouco impacto ambiental e total conexão com a natureza. Nas Salinas Grandes está o melhor exemplo disso, o Pristine Camps, que oferece apenas quatro luxuosos domos que parecem flutuar sobre o deserto de sal.

Outra grande atração de Jujuy são suas colinas multicoloridas, em camadas tão delineadas que parecem ter sido pintadas. O mais famoso é o Cerro de los 7 Colores, que desponta ao lado de outra atração local: o vilarejo de Purmamarca. A cidade de ruas de adobe tem opções de hospedagem muito simpáticas e restaurantes típicos, o que faz dela uma boa base para explorar os arredores.

Afinal, Purmamarca é apenas a pontinha sul da Quebrada de Humauaca, o vale que corta montanhas de até 3 mil metros de altitude e foi uma das principais rotas do império inca, classificado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. História não falta ao longo do caminho que segue ao norte. O pueblo de Tilcara, por exemplo, guarda uma importante fortificação pré-hispânica, o Pucará de Tilcara.

Mais adiante, em Uquía o registro é o dos conquistadores: a Iglesia de São Francisco de Pádua, de 1691. E, na cidade de Humauaca, a maior atração é a Serranía de Hornocal, com sua montanha multicolorida, dessa vez de 14 cores. A prova de que os cenários de Jujuy não cansam de surpreender.

Mais informações em Visit Argentina.