Não tem tempo ruim para a Rota das Emoções, roteiro turístico que vai dos Lençóis Maranhenses a Jericoacoara, no Ceará, passando pelo delta do rio Parnaíba, no Piauí. Desde a inauguração do aeroporto de Jeri, em junho de 2017, o fluxo de turistas para o badalado município cearense, uma das portas de entrada para a Rota das Emoções, aumentou 30%.
"O modal aéreo é fundamental para a cadeia do turismo. Sem aéreo, não tem produto que seja capaz de atrair demanda com facilidade", diz Arialdo Pinto, secretário de Turismo do Ceará.
Com o aeroporto de Fortaleza recém-privatizado e uma política de investimento em aeroportos regionais, somados aos estímulos para atração de companhias aéreas com redução do ICMS de combustível, o Ceará vem colhendo frutos.
Há dois anos, Fortaleza tinha apenas oito voos internacionais semanais. Hoje são 48. E as negociações estão avançadas para alcançar 60 na temporada de férias, a partir de dezembro. O turismo também vem puxando a recuperação do emprego no estado, que acumula um saldo positivo de 15 mil vagas nos primeiros oito meses do ano, depois de três anos de queda.
Impulsionado pelos investimentos para viabilizar e ampliar a oferta de voos no estado, o turismo no Ceará, que representava 10,5% do PIB há dois anos, hoje já passa de 12%, acima das médias nacional (3,6%) e mundial (10,4%).
No Sul do país, Navegantes também vive um boom no turismo, com a chegada de novos voos nacionais e internacionais, ligando a cidade a Buenos Aires, na Argentina, e Santiago do Chile.
O aeroporto do município - que serve a demanda de Blumenau, do balneário de Camboriú e também do Parque Beto Carrero - recebeu 1,25 milhão de passageiros nos primeiros oito meses do ano, 28% a mais que no mesmo período do ano anterior. "O aeroporto tem ajudado a divulgar a cidade como destino turístico e as pessoas estão usando Navegantes como base para a realização de passeios e negócios no nosso entorno", diz Carlos Sergio de Souza, secretário do Turismo de Navegantes.
Para acompanhar o crescimento da demanda, a prefeitura tenta incluir o aeroporto, que pertence a rede Infraero, no programa de privatizações. Enquanto isso não acontece, negocia com o governo federal investimentos para ampliação do terminal de passageiros e de cargas. "Dependemos muito da ampliação do aeroporto para alavancar ainda mais o turismo da nossa região", acrescenta Souza.
O turismo vem crescendo exponencialmente em todo o mundo e hoje já é maior, em nível global, à contribuição de setores como o bancário e o agrícola ou a indústria automobilística.
Segundo dados do World Travel & Tourism Council (WTTC), o turismo contribuiu com US$ 8,3 trilhões para a economia global no ano passado. Em 2016, eram US$ 7,6 trilhões.
No Brasil, essa conta está em US$ 74 bilhões (R$ 235,9 bilhões), o equivalente a 3,6% do PIB. Pelo mesmo cálculo, o transporte aéreo contribuiu em 2017 com 1,9% do PIB, ou R$ 124,2 bilhões.
Os dados constam do último Panorama da Aviação 2017, elaborado pela Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) a partir de dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Utilizando uma metodologia elaborada pela Oxford Economics e amplamente difundida na indústria, os números levam em conta o impacto direto, indireto, induzido e também o efeito catalisador do transporte aéreo como viabilizador de parte das atividades do turismo.
O transporte aéreo é a atividade com maior participação nas receitas do turismo no Brasil: 31%. Esse peso já foi maior. Em 2005, as passagens representavam 41% das receitas.
A explicação da queda está na redução do preço das passagens, que hoje pesam menos no orçamento do turista -e é resultado da política de desregulamentação tarifária adotada no Brasil no início dos anos 2000, somada ao aumento da competição no setor e à maior eficiência operacional das companhias aéreas.
EMPREGOS
De cada dez empregos gerados no mundo, um se encontra na indústria do turismo (9,9%). No Brasil, essa participação é bem inferior (4,2%), o que mostra o potencial de crescimento.
Os empregos no transporte aéreo representam 6% dos empregos no turismo. Considerando a renda salarial, a participação sobe para 18%, devido ao fato de o transporte aéreo demandar empregados mais qualificados que a média do setor de turismo. O salário médio de um empregado de transporte aéreo em 2017 foi 3,5 vezes superior ao da indústria do turismo.