Estado trabalha para modernizar a economia

O extrativismo imperou durante décadas no Pará. Minério, borracha, madeira, frutos e outras riquezas foram levados da terra sem gerar prosperidade econômica à população nem modernização econômica ao Estado. Para o governo paraense, está na hora de alterar esse paradigma. E só mudanças profundas nas formas de produção levarão o Pará a usufruir de todo o seu potencial.

"A Amazônia é uma grande prestadora de serviços ambientais para o planeta, mas isso não se transformou em base de vida digna para quem mora nela. Os modelos de ocupação e de desenvolvimento da Amazônia precisam ser repensados", afirma o governador Simão Jatene (PSDB). O Estado já coloca em prática seu novo modelo por meio do Pará 2030, projeto que engloba 14 cadeias produtivas e integra 22 secretarias e órgãos
de governo com a missão de tornar a economia mais dinâmica. A meta é, em 15 anos, crescer cerca de 5% ao ano, gerar 3 milhões de empregos e igualar o PIB per capita paraense ao nacional.

Emiliano Capozoli/Estúdio Folha
Estação das Docas, em Belém, foi restaurada e hoje é um dos principais cartões-postais do Pará

Essa meta ambiciosa está ancorada em indicadores importantes. Nos últimos três anos, em meio à crise, obteve o melhor desempenho do país em crescimento, segundo estudo da Tendências Consultoria Integrada. Em 2017, deve crescer 1,4% -mais do que o 0,5% previsto para o Brasil.

O Pará também tem a melhor situação fiscal dentre todas as unidades da federação, segundo o Tesouro Nacional, e está com as contas em dia, pronto para receber investimentos.

"Temos a maior produção de açaí do Brasil, mas não exportamos açaí industrializado em larga escala. Nossa produção de cacau ultrapassou a da Bahia, mas queremos produzir mais chocolate.O Pará 2030 busca mudar esse padrão e criar mais segurança jurídica para investidores, para que possamos crescer os níveis de produção de forma sustentável", afirma Adnan Demachki, secretário de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia.

Uma das ferramentas é a verticalização da produção. Para incentivar empreendimentos que ajudem a dinamizar a economia, o governo alterou o Crédito Produtor, facilitando o acesso a empréstimos para projetos voltados à agregação de valor dentro das 14 cadeias produtivas prioritárias do Pará 2030. O Estado também passou a conceder mais incentivos fiscais a quem planeja manufaturar produtos. Quanto mais valor agregado, maior é o percentual. Empresas instaladas em municípios com IDH baixo também ganham mais benefícios.

Mas não há como verticalizar a produção sem mão de obra capacitada. Por isso, o governo criou o Pará Profissional, que visa capacitar trabalhadores de forma rápida e desburocratizada. Os novos investidores e produtores
têm ainda retaguarda científica, com o Parque de Ciência e Tecnologia Guamá, primeiro do gênero na Amazônia.

O uso da ciência como ferramenta para a busca de novos produtos e formas de produção torna mais efetiva a promoção de um desenvolvimento sustentável e a garantia de preservação dos 70% de floresta que ocupam o território paraense."Temos 30% de área antropizada [com características naturais já modificadas], onde é possível produzir o que é necessário. Então, posso assumir o desmatamento zero como meta real, não
utopia", afirma o governador Jatene.

Para garantir ações efetivas de compensação em projetos de grande impacto ambiental e social, o governo tem o plano de criar um sistema de fundos, com verbas públicas e privadas, gerido por uma governança profissional. Após uma avaliação dos problemas gerados e traçado um plano de ações, as empresas envolvidas depositariam o dinheiro no fundo, aperfeiçoando a compensação nos territórios, que hoje ocorre de forma tardia e pouco eficaz.

Usar a floresta e as riquezas naturais de forma eficiente e sustentável, gerando uma economia dinâmica e que cause impacto positivo na qualidade de vida da população. Esse é o plano do Pará para as próximas décadas.