Peixes como filhote e pirarucu, o tacacá, a maniçoba, o pato no tucupi e o obrigatório arroz com jambu, que faz a boca tremer.
Belém é o símbolo da boa mesa. A capital foi eleita pela Unesco em 2015 Cidade Criativa da Gastronomia. Em 2016, a culinária do Estado foi indicada a preferida pelos estrangeiros que visitaram o país, segundo pesquisa do Ministério do Turismo.
Tamanho potencial foi estratégico na decisão do Estado de trabalhar turismo e gastronomia na mesma cadeia produtiva, a ser desenvolvida pelo Pará Sustentável. "A gastronomia é a nossa melhor oportunidade de transformar turismo em negócio", diz Adenauer Góes, secretário de Turismo.
O Pará Sustentável contempla iniciativas para melhorar a logística e o acesso do turista ao Estado, qualificar o empresariado, os produtores e a mão de obra, atrair investimentos e fomentar o surgimento de novas atrações.
Outras ações do governo, como concessão de créditos a pequenos empreendimentos locais, fomento à agricultura familiar sustentável e verticalização de atividades como o açaí e o cacau também vão impactar positivamente os indicadores.
Emiliano Capozoli/Estúdio Folha | ||
Dona Nena, pequena produtora de cacau que obteve apoio do Estado para empreender e hoje produz chocolate e outros doces |
A PROVA
É fácil descobrir o porquê da fama e da atenção destinadas à gastronomia paraense.
A dez minutos de barco da capital, cruzando o rio Guamá, chega-se à Ilha do Combu. Em um de seus igarapés, mora Izete Costa, a dona Nena, uma das pequenas produtoras que se capacitou e buscou financiamento do Estado para empreender.
Em sua fazenda de 14 hectares, planta cerca de 1.200 pés de cacau e produz até 50 kg de chocolate orgânico por mês, com a ajuda de duas filhas. Neste ano, abriu a loja de sua marca, Filha do Combu, em seu terreno. Ali, vende bombons, nibis (a semente torrada do cacau) e barras de chocolate, que faz na frente do visitante. "A vida toda minha família vive aqui, mas faz dez anos que resolvi buscar conhecimento para agregar valor à minha produção."
O chocolate dela é usado por chefs dos principais restaurantes do país. Um deles é o Lá em Casa, que tem 45 anos e hoje funciona na Estação das Docas, ponto turístico da capital. A chef Daniela Martins usa o chocolate para fazer o caldo da sobremesa.
"A base dos nossos ingredientes é conhecida como indígena, mas meu palpite é que essa aceitação tem a ver com o fato de termos sabores únicos moldados a partir de influências universais: portuguesa, africana, francesa, judaica", diz Joanna Martins, irmã e sócia de Daniela.
As irmãs ainda cuidam da Manioca, marca que produz e comercializa produtos alimentícios da Amazônia, e do Instituto Paulo Martins, que trabalha para fortalecer a gastronomia paraense por meio de eventos e de cursos de capacitação.