Nova ferrovia é estratégia para ampliar produção

O traçado foi projetado para ligar a região mais produtiva do Estado ao porto de Barcarena, facilitando as exportações

Anna Carolina Negri/Folhapress
Complexo Portuário de Barcarena, uma das estações da nova ferrovia que deverá ser concluída em 2027

A região sul do Pará pode gerar mais 80 milhões de toneladas de minério por ano, e é uma das maiores fronteiras do agronegócio do país, com terras férteis, chuvas regulares e muita luminosidade. Mas as empresas ainda produzem de forma limitada, pois sofrem com a falta de uma logística de transporte eficiente para escoar sua produção.

Para resolver esse gargalo, o governo do Estado aposta na construção da Ferrovia Paraense, que ligará o sul ao Complexo Portuário de Barcarena, em posição privilegiada em relação aos portos da Europa, da América do Norte e da Ásia, acessada via Canal do Panamá. Serão 1.312 km, que passarão por 23 municípios, interligando a região paraense que mais produz. A ferrovia terá capacidade para transportar até 170 milhões de toneladas por ano.

O projeto já foi apresentado a centenas de investidores e a grandes empresas nacionais e internacionais. O governo estadual já tem o compromisso de sete produtores que irão transportar carga pela nova ferrovia: Vale, Norks Hydro, Mineração Irajá, Alloys Pará, Buritirama Mineração, Araguaia Níquel Mineração Ltda e os frigoríficos através da entidade UNIEC.

A construção será feita por meio de uma concessão de 30 anos renovável por mais 30, que deve ter seu edital lançado em novembro. Será necessário o investimento de R$ 14 bilhões, com previsão de recuperação de 11 anos. O projeto integra o rol de obras prioritárias do BNDES e está incluído no fundo China para financiamento.

O projeto está em processo de licenciamento ambiental e o leilão está previsto para março de 2018, com assinatura do contrato em junho.

A implementação da nova ferrovia será dividida em duas partes: o trecho norte ligará Morada Nova a Barcarena (porto de Vila do Conde), com 759 km de extensão, e o trecho sul irá de Santana do Araguaia a Morada Nova, com 553 km.

O porto de Vila do Conde deverá ter sua capacidade portuária ampliada com a criação de um novo terminal multiuso. Também foi apresentado ao Ministério dos Transportes um Procedimento de Manifestação de Interesse para serviços de dragagem no canal que dá acesso ao porto, tornando-o apto a receber navios de grande porte.

Se o cronograma for cumprido, as obras da ferrovia devem ser encerradas até 2027.

"Também acertamos a ligação da Ferrovia Paraense com a Norte-Sul, que não estava ligada a nenhum porto. Não haverá competição entre elas, pelo contrário elas se complementam", afirma Adnan Demachki, secretário de Estado do Pará.

A nova ferrovia passa pela porção mais antropizada do território paraense, com apenas 10% de cobertura florestal. Seu traçado foi pensado para não incidir em áreas urbanas, em terras indígenas e em remanescentes quilombolas e para interferir o mínimo possível em assentamentos rurais. Também tem impacto reduzido em florestas nativas.

O processo de construção da ferrovia deve gerar cerca de 6.000 empregos.

"É uma obra que transformará a economia do Estado, pois, de uma logística extremamente limitada, teremos um modal adequado para escoar a produção paraense, mas também a produção do norte do MT e a produção brasileira através da interligação com a ferrovia Norte-Sul. Mais que isso, a ferrovia integrará o Estado do extremo norte ao extremo sul, aproximando mais os paraenses", festeja Demachki.

Além de possibilitar maior competitividade e segurança para o transporte de produtos, a ferrovia deve ajudar também a melhorar o trânsito nas rodovias estaduais, com a redução do escoamento de cargas por caminhões.