Instrumento de educação financeira ajuda a estimular a formação de poupança

Você sabe o que é título de capitalização?

Marco Antonio Barros, Marcelo Neri e a jornalista Flávia Oliveira

A capitalização é uma ferramenta criada para estimular a acumulação de recursos por pessoas físicas e jurídicas. Esse segmento do mercado de seguros passou a ser reconhecido também como instrumento para educação financeira. 

Os interessados em títulos de capitalização podem comprá-los à vista ou a prazo. Na opção a prazo, a mais comum, o comprador destina uma quantia mensalmente, por um período que varia em média de três a cinco anos. Uma parte desses valores retorna aos associados sob a forma de sorteios periódicos. Outra parte forma o capital de resgate, que é devolvido, parcial ou integralmente, ao final de período de vigência do título. Uma terceira parte cobre os custos administrativos. 

Se a pessoa decidir resgatar o valor pago antes do fim do período predeterminado, sofrerá uma penalidade, pois receberá menos do que investiu no título. E quanto mais cedo retirar o investimento, mais perderá. Essa penalidade é, na realidade, um estímulo ao associado para que mantenha o seu título até o vencimento. Tal estratégia cria uma disciplina financeira para o investidor e auxilia na formação de poupança do país.

Pesquisa feita no final de 2014 pela Overview mostrou que, no caso de títulos da modalidade Tradicional, 71% dos associados disseram que a decisão de poupar foi o que os levou a buscar a capitalização. Apenas 23% citaram os sorteios como motivo para adquirir um título.

"A capitalização não é e não deve ser considerada um investimento tradicional. Tampouco deve ser considerada uma loteria", diz Marco Antonio da Silva Barros, presidente da Federação Nacional de Capitalização (FenaCap).

Atualmente, há 17 milhões de títulos de capitalização no país -15,9 milhões de pessoas físicas e 1,1 milhão de pessoas jurídicas-, e o volume dos depósitos mantidos por esses clientes atingiu R$ 31 bilhões em 2015 (patamar mantido em 2016). Os valores restituídos aos clientes sob a forma de resgates e sorteios alcançaram R$ 18,4 bilhões em 2015 e R$ 10,7 bilhões apenas no primeiro semestre de 2016.

ORIGEM FRANCESA

Sistema criado em uma cooperativa de mineiros na França, em 1850, a capitalização tem crescido no Brasil e continua a se reinventar. Para acompanhar as demandas do mercado, as instituições criaram há poucos anos a CapFiador, uma submodalidade dentro da modalidade Tradicional que vem ganhando espaço. Ela permite que as pessoas aluguem imóveis e deem seu título de capitalização como garantia ao locador, substituindo o cheque-caução, o seguro fiança ou o tradicional fiador.

O presidente da FenaCap conta que a capitalização cresceu de forma muito forte, embora, devido à crise, a demanda venha "andando de lado" desde 2014.

"Boa parte do interesse pela capitalização se explica pelos anos de pujança, nos quais houve uma distribuição de renda mais forte e uma parte da sociedade, após consumir os bens básicos, começou a ter reservas para poupar", diz.