Expansão será puxada pela criação de novos produtos e serviços mais adequados ao momento atual

Setor de seguros deve retomar crescimento em 2017

O ano de 2017 deve ser mais animador para o mercado de seguros. O setor deve fechar o ano com um crescimento de 1%, bem menor que o avanço de 4,2% registrado em 2015. A expectativa é que o próximo ano seja o início de uma retomada consistente para o segmento. 

A expansão será puxada pelo surgimento de produtos, somado à aguardada recuperação da economia brasileira.

De acordo com o economista Lauro Faria, economista da Escola Nacional de Seguros, o mercado segurador está dando provas de resiliência neste ano. "O mercado vai fechar no positivo, acima da inflação", afirma.

A análise é corroborada por Marcio Coriolano, presidente da CNseg. "Apesar do momento adverso, estou confiante na contribuição do setor para a retomada do desenvolvimento econômico sustentado do país", afirma.

Não que o setor tenha passado incólume à crise. O chamado segmento de ramos elementares foi especialmente afetado. "Mas o seguro de pessoas compensou", diz Faria. "A previdência privada no Brasil tem um grande campo à frente. Há a questão do envelhecimento da população, a necessidade de reforma (da Previdência). E a saúde suplementar vive o mesmo processo. As pessoas não confiam no serviço público, sabem que o SUS está mal das pernas."

A criação de produtos adequados à demanda do mercado já desponta como um trunfo para a retomada do setor. Um exemplo é a regulamentação do seguro auto popular, concebido para atender aos proprietários de veículos que não são consumidores de seguros. Com isso, a expectativa é de crescimento da frota segurada, hoje em torno de 30% dos veículos.

"Há potencial também para o crescimento de seguro patrimonial, residencial e empresarial, na faixa de pequenas e médias empresas", diz Faria.

O seguro "universal life", em fase final de regulamentação, é outro produto que pode contribuir para o desenvolvimento do setor, pelas características que combinam a proteção do seguro de vida a uma acumulação de capital, uma forma de poupança para os segurados, em que parte do prêmio pode ser resgatado, quando não ocorre o sinistro, ao final da vigência da apólice.
 
A Susep (Superintendência de Seguros Privados) vem trabalhando em estudos de produtos de vida, danos, previdência e resseguros e também na modernização da regulação atualmente em vigor, segundo Joaquim Mendanha de Ataídes, superintendente do órgão.

O anunciado pacote de concessões e privatizações na área de infraestrutura também é visto como mais um fator para alavancar a retomada do mercado. São 34 empreendimentos de porte. "Isso vai dar um gás para o setor de seguros e resseguros", afirma Paulo Pereira, presidente da Federação Nacional das Empresas de Resseguros (Fenaber).

Nesse cenário de retomada econômica que se desenha para 2017, o presidente da CNseg cobra dos governantes um reconhecimento ao mercado de seguros. Coriolano entende que as autoridades do país precisam enxergar a potencialidade da atividade securitária, que desonera o Estado, protege o cidadão e representa o volume de poupanças institucionais, formado pelas reservas financeiras que garantem os riscos assumidos pelas seguradoras.

"Ainda não há um reconhecimento proporcional à importância e ao potencial do setor para o progresso da nação. Então, é preciso aproximar mais o nosso setor dos poderes constituídos e da sociedade em geral, ampliando os canais de diálogo em todas as vertentes", argumenta.

Ele propõe cinco requisitos para uma nova jornada de crescimento, aliada às reformas estruturais que vem ganhando convergência.

"São eles: maior comunicação e educação em seguros, ampliação do acesso à população, concomitantemente ao fortalecimento dos canais de distribuição, avaliação do impacto regulatório pelos órgãos supervisores, políticas governamentais contracíclicas e previsibilidade regulatória."