Ao contratar um seguro para o seu veículo, o consumidor se depara com uma série de perguntas sobre seus dados pessoais e atividades rotineiras: que lugares costuma frequentar, horários, hábitos de consumo, entre outras. Para as seguradoras, essas informações são fundamentais para calcular riscos e valores, além de elaborar um contrato mais adequado a cada tipo de cliente.
Esses dados também são o ponto de partida para evitar fraudes – apenas em 2019, sinistros considerados suspeitos representaram 13,3% (R$ 4,3 bilhões) de todo o montante pago por seguradoras no Brasil (excluindo o setor de saúde). O cálculo é da Cnseg, a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização.
As fraudes no setor de seguros prejudicam as seguradoras e o próprio consumidor porque, pelo princípio da mutualidade, a somatória dos prêmios pagos pelos segurados formam um fundo comum, responsável pelo pagamento de todas as indenizações. Dessa forma, em caso de golpe, todos pagam a conta.
A nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entrou em vigor em setembro de 2020, trouxe uma preocupação a mais ao setor: como evitar que as informações dos clientes, tão mais detalhadas do que as que geralmente são compartilhadas com outras empresas, não sejam alvo de ataques.
O temor se justifica porque, pela lei, as empresas podem ser punidas em caso de falhas ou negligência no uso dos dados dos clientes. As multas começarão a ser aplicadas em agosto de 2021 e podem chegar a 2% do faturamento do negócio.
Nos últimos anos, a Mastercard passou a adquirir uma série de empresas para ampliar o seu leque de soluções inovadoras que ajudam pequenos e grandes negócios a detectar riscos e aumentar a segurança de dados.
Entre essas empresas, está a NuData, que, por meio da biometria comportamental, consegue identificar potenciais fraudadores, ao verificar, por exemplo, como o usuário digita ou segura o aparelho, o horário da transação e sua conexão, aumentando assim a segurança e garantindo uma melhor experiência ao consumidor.
Analisando grandes volumes de dados, a americana Brighterion, outra empresa da Mastercard, utiliza inteligência artificial para prevenção de fraudes, análise de negócios e predição de comportamento.
Graças à tecnologia conhecida como machine learning, em que os programas de computador se aprimoram sozinhos na análise de informações, o sistema fica cada vez mais preciso. “A inteligência artificial permite o aprendizado, a estimativa de comportamento”, explica Danielle Florestano, diretora de Soluções de Segurança da Mastercard Brasil.
No setor de seguros, o uso da inteligência artificial também torna mais assertivo o cálculo da probabilidade de eventos, como acidentes ou roubos. As soluções da Brighterion reconhecem mais rapidamente solicitações legítimas e evitam que sejam desnecessariamente investigadas.
Já a RiskRecon, adquirida pela Mastercard no final de 2019, desenvolveu um sistema que avalia, de forma contínua, a probabilidade de as empresas e de seus fornecedores serem alvo de ataques cibernéticos – fundamental para evitar o roubo de dados.