Público durante o 2º Fórum da Saúde Suplementar |
Consumidor precisa assumir o papel de protagonista, diz presidente da FenaSaúde
O setor da saúde suplementar necessita de transformações profundas para assegurar a sustentabilidade do sistema, e essas mudanças precisam ser feitas com urgência e com a participação de todos os envolvidos: Governo, operadoras, prestadores de serviços, e, acima de tudo, a população atendida por esses planos.
A necessidade de trazer o beneficiário para o centro desse debate foi uma unanimidade entre os participantes do 2º Fórum da Saúde Suplementar, promovido pela FenaSaúde. "No Brasil, temos hoje milhões de consumidores na Saúde Suplementar. São milhões de pessoas que precisam se sentir parte dessa cadeia", afirmou a presidente da FenaSaúde, Solange Beatriz Palheiro Mendes.
Com a crise econômica e o desemprego, uma parcela significativa da população foi obrigada a abrir mão desse benefício, na maioria das vezes, pela falta de opções de planos compatíveis com sua realidade financeira. Uma das propostas em discussão pelo Ministério da Saúde, com a participação da FenaSaúde, é justamente esta: a do plano acessível.
"Mas os representantes dos consumidores e dos médicos não apresentaram propostas. Tem de haver essa discussão", alertou Solange Beatriz.
"Transferir uma parcela de responsabilidade para o beneficiário pode ser uma das opções. Unir e propor políticas para que a sociedade entenda a saúde como investimento e não como custo", diz Marcos Bosi Ferraz, professor de Economia em Gestão em Saúde da Escola Paulista de Medicina e participante do Fórum.
A discussão sobre a inclusão de novas tecnologias no Rol dos procedimentos também deve passar pelo crivo do consumidor. Muitas vezes um produto mais recente ou nova tecnologia aumenta os custos sem trazer benefício para o paciente. Mas o ônus dessa incorporação será dividido entre todos os beneficiários do plano. "A decisão individual afeta o coletivo. Dar muito para um tira o direito do outro", diz Ferraz.
O mutualismo do sistema deveria estimular o consumidor a ficar atento a desperdícios e a tratamentos desnecessários. E isso deve começar na primeira etapa do tratamento, dentro do consultório, defende o médico André Volschan, coordenador do Centro de Estudos do Hospital Pró-Cardíaco, também presente no evento.
"É preciso estimular, incentivar a conversa entre médico e paciente para que sejam feitas as escolhas mais efetivas, ou seja, evitando testes e procedimentos desnecessários", afirma Volschan. Para ele, essa conduta leva o consumidor a "participar efetivamente" do seu próprio cuidado.
"O consumidor precisa participar, o sistema de saúde foi feito para ele. Ele precisa ser responsável por sua própria saúde", conclui Bosi Ferraz.