Agenda avança, mas ainda há desafios

José Cechin,diretor-executivo da FenaSaúde
José Cechin,diretor-executivo da FenaSaúde

Propostas para melhorar produtos e serviços oferecidos ao consumidor, debatidas no ano passado, começam a ser viabilizadas

Durante dois dias, cerca de 20 especialistas e autoridades da área de saúde discutiram como estabelecer um plano comum de atuação para melhorar os produtos oferecidos aos consumidores e formular uma agenda pública para o mercado de saúde suplementar.

O 2º Fórum da Saúde Suplementar, organizado pela FenaSaúde, mostrou que muitas das propostas lançadas no ano passado, durante a primeira edição do evento, avançaram. Mas ainda há muitos desafios pela frente.

"A solução não é fácil, não é única. Esse é o desafio que todos nós, beneficiários da saúde, enfrentamos", afirmou a presidente da entidade, Solange Beatriz Palheiro Mendes, ao final do evento.

O diretor-executivo da FenaSaúde, José Cechin, fez um balanço do que chamou de "conquistas" do setor de um ano para cá. "A agenda que foi posta, está andando. Talvez não na intensidade que queríamos, mas está andando", diz.

Cechin citou, por exemplo, as discussões em torno da criação de novos produtos, como franquia e coparticipação do beneficiário no pagamento dos procedimentos. "Eles [novos produtos] ainda não foram implantados, mas já fizemos vários estudos sobre os impactos e passamos para a ANS. Acho que esse caminho está bastante aplainado", afirmou.

Outro ponto discutido no evento do ano passado foi o de tornar disponíveis as informações, tanto para o consumidor como para as operadoras, sobre custos e resultados dos prestadores de serviço. A ANS divulgou os dados da TISS (Troca de Informações em Saúde Suplementar), uma base com informações da produção assistencial. Uma das propostas do primeiro Fórum foi a divulgação do índice de internação hospitalar. "É um indicador de qualidade importantíssimo", diz o diretor-executivo, ao lembrar que a sugestão foi apoiada pela FenaSaúde.

Outras informações, porém, ainda não têm a qualidade necessária para balizar decisões do setor. "Ainda há problemas, mas, antes, nem isso se sabia. Agora dá, por exemplo, para saber quais e quantos procedimentos são realizados em cada Estado", disse.

O terceiro desafio definido no Fórum anterior foi o de melhorar a organização da assistência ao consumidor e reformar os modelos de remuneração de prestadores de serviço, como hospitais e médicos. Segundo Cechin, esse "movimento" está acontecendo, com algumas operadoras renegociando contratos. "Mas não andou como deveria ter andado. O assunto tem de amadurecer mais, e passa pela construção de uma relação de confiança entre todos os envolvidos."

O importante, diz, é que todos concordam com a necessidade de mudanças. Durante o evento, a maioria dos especialistas defendeu a implantação de um mix de modelos de remuneração, até como forma de teste para definir qual o modelo ideal.

Solange Beatriz disse que a discussão sobre esse e outros temas ligados à saúde suplementar precisam ter ética e honestidade. "O que esperamos é contribuir para buscar essas soluções", disse, ao pedir que todos, principalmente o beneficiário, apresentem sugestões para o próximo Fórum. "O consumidor precisa assumir o papel de protagonista do sistema", disse.