Se os últimos anos foram difíceis para o mercado de saúde suplementar, 2017 deve trazer algum alívio (mas não muito). O cenário deve melhorar apenas em 2018. A avaliação é de Octavio de Barros, diretor e economista-chefe do Banco Bradesco, que radiografou o momento econômico do Brasil durante o evento da FenaSaúde.
"Temos que olhar 2017 diferentemente da nossa leitura em relação a 2018. O ano que vem ainda será um período de ajuste duro, e o desemprego ainda vai aumentar pelo menos até o último trimestre de 2017. Em 2018, muito possivelmente teremos uma recuperação econômica mais favorável", afirma. "Os planos de saúde enfrentam desafios complexos nesse ambiente de desaceleração do mercado de trabalho. No ano que vem, possivelmente já teremos algum incremento, porém bem modesto."
Um ponto que Barros fez questão de ressaltar foi a necessidade de o Congresso promover reformas estruturais. Uma delas é a da Previdência.
"A reforma da Previdência é absolutamente imperativa não apenas para o equilíbrio do sistema, pensando nas aposentadorias das próximas gerações, como do ponto de vista fiscal", explica. "As distorções são muito evidentes, e acredito que teremos uma reforma ampla da Previdência no ano que vem, envolvendo também os Estados e os servidores públicos."
É inevitável, diz, que ocorra "um amplo adiamento da idade de aposentadoria dos trabalhadores". A taxa de crescimento da população em idade ativa é de 1% ao ano. Já a taxa de crescimento da população acima de 60 anos é de 4,4%. "Ou seja, o carro vai bater no muro inevitavelmente", alertou.
Para ele, as reformas devem ir além. "A legislação trabalhista é uma destruidora de empregos, na medida em que visa apenas proteger os salários." E avisa: "Sem reformas estruturais, não haverá crescimento".
O cenário internacional também não está colaborando. A desaceleração econômica da China deve ter vindo para ficar, e os Estados Unidos provavelmente não conseguirão tomar o papel de locomotiva para puxar o crescimento.