Ter estratégia é fundamental nos negócios, pois ela define aonde uma empresa quer chegar, como e em quanto tempo. Mas o mercado anda cada vez mais exigente e cobra atenção na gestão dos riscos envolvidos nessa estratégia.
É que, se as ameaças não forem bem mapeadas, corre-se o risco de inviabilizar o negócio. Diante da preocupação dos investidores, muitas empresas estão alinhando as áreas de estratégia com a de gerenciamento de risco.
Tendência dá mais segurança para a tomada de decisões
O tema está na pauta de importantes instituições, tanto no Brasil como nos EUA. Em maio, a americana Coso (Comissão Nacional sobre Fraudes em Relatórios Financeiros) lançou o guia "Enterprise Risk Management - Integrating with Strategy and Performance" (Gestão Corporativa de Riscos - Integrando com Estratégia e Desempenho). Em junho, foi a vez de o IB GC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) publicar seu caderno "Gerenciamento de Riscos Corporativos - Evolução em Governança Estratégica".
"Os investidores estão mais preocupados com a perpetuação da empresa, que está relacionada com seu planejamento estratégico. O mercado quer saber dos riscos dessa estratégia, como são tratados, se foram mapeados e se há acompanhamento", afirma Sidney Ito, sócio da consultoria KPMG.
Para o coordenador do pós- MBA em Inteligência Empresarial da FGV, Ronaldo Rangel, a preocupação com as ameaças na estratégia das empresas só tende a aumentar. "Hoje, o cenário na área de gestão de risco é muito diferente do que há uns cinco anos. As empresas e o mercado estão dando muito mais atenção aos riscos da estratégia do negócio, incluindo os relacionados à ética e à integridade das companhias."
A Petrobras segue nessa linha de integrar gerenciamento de risco e estratégia. No ano passado, a unidade de Riscos Empresariais, que antes estava na Diretoria de Governança e Conformidade, foi para a Diretoria de Estratégia, Organização e Sistemas de Gestão. Com a mudança, os responsáveis pela tomada de decisão na empresa passaram a ficar ainda mais próximos da cultura de gerenciamento de risco.
Um dos resultados práticos dessa alteração é a postura da empresa de priorizar projetos que tragam mais retorno e menos risco à companhia. No último leilão dos blocos para exploração de petróleo e gás, realizado pela ANP (Agência Nacional de Petróleo), a Petrobras adquiriu sete blocos, sempre em consórcio, fortalecendo parcerias e compartilhando riscos. A atuação seletiva da Petrobras no leilão marcou o início da recomposição do portfólio exploratório da companhia.
Hoje a Petrobras tem parcerias em quase 140 áreas exploratórias e campos de produção, que são importantes também para dividir a conta dos investimentos necessários ao desenvolvimento da cadeia de petróleo. Ao compartilhar a atuação com parceiros, a empresa busca aumentar o valor dos seus ativos e reduzir a dívida, abrindo espaço para mais investimentos.