Como preparar lideranças de acordo com práticas de governança
A capacitação de conselheiros, executivos e gestores para aprimorar e fortalecer as práticas de governança e, dessa forma, atender às mudanças no ambiente de negócios ganha cada vez mais espaço nas empresas.
Na análise de especialistas em compliance e direito empresarial, a eficiência de controles internos, transparência e sistemas de prevenção a riscos dependem diretamente da preparação da alta administração de uma companhia.
"Os responsáveis por disseminar os valores de uma companhia têm de ser treinados frequentemente. Se essa capacitação for feita de forma interna e externa, em intervalos menores que um ano, melhor", diz Alexandre Motonaga, coordenador do curso de compliance e anticorrupção do Programa de Educação Continuada da FGV.
"Quem está fora da companhia não tem os vícios da cultura da empresa, nem vínculos hierárquicos, o que torna o treinamento mais eficaz", afirma.
Ter abertura para questionar iniciativas das empresas e apresentar sugestões, receber avaliações objetivas sobre seu desempenho e permitir o contato permanente dos executivos com os profissionais de compliance são fatores que pesam na preparação de quem chega à alta administração.
Treinamentos são contínuos; contratações ficam mais criteriosas
"Ao assumir um cargo, o profissional quer saber não só qual será seu salário, o tamanho de sua equipe e os objetivos e os desafios a cumprir. Quer ter a exata dimensão das deficiências, dos riscos e do que pode acontecer nas áreas que irá comandar", diz Reynaldo Goto, diretor de compliance da Siemens do Brasil. "Notamos essa demanda crescente principalmente entre os executivos mais jovens."
A multinacional alemã enfrentou casos de corrupção dentro e fora do país e adotou diversas medidas que hoje chamam a atenção de profissionais de diferentes segmentos que a visitam. Em média, são 20 empresas por mês interessadas em conhecer a estrutura e a experiência da Siemens.
Na Petrobras, a preparação dos profissionais de diversos níveis passa por diferentes iniciativas.
Uma delas envolve um programa de treinamento contínuo da alta administração e de capacitação em governança corporativa e societária, realizado em parceria com a Universidade Petrobras e a área de Recursos Humanos. Além de cursos, são realizadas palestras e seminários sobre os temas.
A forma de ocupar os cargos chave da empresa também mudou. Antes da contratação, altos executivos passam por um processo de verificação de integridade, por meio do programa "Background Check". Nele, são consultados órgãos públicos, como Receita Federal, esferas da Justiça e consultorias especializadas, que investigam procedimentos do executivo antes da admissão.
"A medida é de extrema relevância e pode evitar situações desastrosas a uma companhia", diz Claudio Peixoto, sócio da consultoria francesa Mazars Cabrera e presidente da ACFE -Brasil (Associação de Examinadores Certificados de Fraudes).